Lincon Ramos Lincon Ramos - Redomão da Noite Escura

Quando escapei do fandango
Me esperava um azulego
Quaje molhado o pelego
Virei de lado a badana
Poncho de seda que abana
Negro com listas de prata
E invés de bota, alpargata
Num par de estrivo campana

Depois de nove galope
Co'a mais linda do surungo
Fui desmaneando o matungo
Atei a boca e num upa
Vi de quem é sempre a culpa
Que me faz ser cantador
Amansei de maneador
Mas inda não de garupa

Então me acena da porta
E emoldurada eu a vejo
Sonhando a cena do beijo
Calçando o pé na alpargata
Rente ao estribo de prata
O sapatinho da rosa
Trança com fita mimosa
E um lindo amor que desata

Quem sabe então azulego
Redomão da noite escura
Levo a sorte que procura
Mudar o pulso de mango?
E num compasso de tango
Eu assinei a minha culpa
De só amansar de garupa
Quando volto dos fandango